Há 50 anos, uma estudante que mudou a compreensão da evolução estelar

Em julho de 1967, uma estudante de pós-graduação em astrofísica, Susan Jocelyn Bell Burnell (Jocelyn Bell Burnell) nascida em Belfast, Norte da Irlanda (em 15 de julho de1943), estava analisando páginas e mais páginas de registos gráficos de um rádio telescópio e percebeu “anomalias” nos dados de rádio que estavam chegando no Observatório de Rádio Astronomia de Mullard. Na época, seu orientador de pós graduação era o Professor PhD Antony Hewish.

Pulsar_01
Os pulsares são estrelas de nêutrons que giram rapidamente com campos magnéticos fortes, jatos estreitos e energéticos que emanam de seus pólos. Como os feixes de faróis galácticos, esses jatos são visíveis como breves pulsos de emissão de rádio à medida que a estrela de nêutrons gira, muitas vezes por segundo.

Analisando os registros, ela ficou intrigada com alguns sinais e acompanhou estes sinais estranhos por dias e noites a fio, mesmo sem o apoio de seu orientador.

Em fevereiro de 1968, a mesma, seu orientador e mais outros três co-autores publicaram o primeiro artigo na revista Nature, sobre as fontes destes sinais de rádio que seriam mais tarde conhecidas como PULSARES. Este sinal regular permitiu a descoberta do pulsar PSR B1919+21.

A descoberta acabou concedendo ao seu orientador, Antony Hewish, o Nobel de Física de 1974, compartilhado com Martin Ryle, e acredite ou não, a nossa brilhante estudante de pôs graduação, foi excluída, apesar dela ter feito primeiramente a identificação do sinal.

Imagem composta de raio X / Óptica da Nebulosa de Caranguejo, que mostra a emissão de “synchrotron” na nebulosa do vento do pulsar circundante, alimentada por injeção de campos magnéticos e partículas do pulsar central.

 

Mesmo sem receber o Prêmio Nobel, porém em função da notoriedade decorrente desta descoberta, Susan Jocelyn Bell Burnell foi nomeada presidente da Royal Astronomical Society entre 2002 e 2004, presidente do Institute of Physics entre 2008 e 2010, e presidente interina em 2011.

Por suas numerosas contribuições para a comunidade astrofísica, ela também foi nomeada Dama Comandante da Ordem do Império Britânico em 2007, juntamente com várias outras honras, incluindo a Medalha Albert A. Michelson, o Prêmio Memorial J. Robert Oppenheimer, e a Medalha de Herschel. Em 2013, ela foi escolhida pela rádio BBC de Londres, uma das mulheres mais poderosas do Reino Unido. Ela é uma forte defensora das mulheres na física, capacitando as mulheres e servindo como um modelo notável.

PRÊMIO NOBEL

O fato de Susan Jocelyn Bell Burnell não receber o reconhecimento no Prêmio Nobel de Física de 1974 tem sido um ponto de controvérsia até hoje. Ela ajudou a construir o radiotelescópio de quatro acres durante dois anos e foi a primeira pessoa no mundo a inicialmente identificar a anomalia. Muitas vezes revisava mais de 30 metros de dados registrados em cartas gráficas (papel continuo) todas as noites. Mais tarde, ela mesma revelou que no total foram mais de 5.000 metros de cartas gráficas analisadas.

Em 1977, em entrevista a um jornal britânico, Susan Bell afirmou que tinha que ser persistente ao denunciar a anomalia diante do ceticismo da Hewish, que inicialmente insistiu que era devido à interferência humana.

“As disputas de “fronteiras” entre supervisor e aluno são sempre difíceis, e provavelmente impossíveis de resolver. Em segundo lugar, é o supervisor quem tem a responsabilidade final pelo sucesso ou fracasso do projeto. Nós ouvimos falar de casos em que um supervisor culpa seu aluno por uma falha, mas sabemos que é em grande parte a culpa é do supervisor. Parece justo para mim que ele também se beneficie dos sucessos. Em terceiro lugar, acredito que isso prejudicaria os Prêmios Nobel se fossem concedidos a estudantes de pesquisa, exceto em casos muito excepcionais, e não acredito que este seja um deles.”

Nota: É real a versão citada em algumas revistas cientificas que ela imaginou inicialmente, por alguns momentos, que talvez se tratasse de uma comunicação artificial feita por uma civilização extraterrestre avançada. Daí que o primeiro nome que este sinal teve foi LGM-1 (sendo que LGM quer dizer “Little Green Men”).

Susan Jocelyn Bell Burnell

Fontes: NASA, Astronomy Magazine; Nature Magazine, Wikipedia e Encyclopaedia Britannica.

 

 

 

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